A dor e dificuldade na adaptação a dentaduras novas pode ser torturante quando está associada a gengivas machucadas. Mas Calma! Algumas dicas simples vão ajudar na fase mais complicada desta reabilitação.
1. Durma sem as dentaduras.
E continue com esse hábito mesmo após o período de adaptação.
As gengivas e mucosas não foram feitas para suportar a compressão traumatizante proveniente das bases das dentaduras, por isso é preciso aguardar as alterações adaptativas desses tecidos para que estejam fortes e resistentes para suportar um dia inteiro de uso intenso com as próteses.
É importante compreender que deixar as próteses na boca 24hs sem descanso no período de adaptação não vai acelerar o processo, muito pelo contrário. Esse hábito causará muita dor, aftas e gengivas machucadas. Mas dá para mudar esse panorama complicado de adaptação às dentaduras.
Nossa dica é: comece utilizando as dentaduras por um período máximo de 6 horas. Depois, vá subindo em 1 hora, a cada dia, até atingir o tempo ideal de uso diário: 14 a16 horas.
Nas outras 8 a 10 horas restantes é importante deixar a gengiva e a mucosa descansarem.
Você deve seguir esse esquema de uso para SEMPRE. Sabemos que tem os dias de exceções que você pode estar se socializando e fique mais tempo com a prótese, porém após o período de adaptação isso não lhe trará malefícios, só se virar rotina o uso excessivo.
2. Aftas podem aparecer já no quinto dia.
Analgésicos simples nos 5 primeiros dias de adaptação à dentadura são indispensáveis.
No primeiro momento de adaptação à dentadura não há dor, a partir do segundo dia que, normalmente, começa a haver um desconforto e a partir do quarto ou quinto dia (período de incômodo mais intenso) a sensação de dor e queimação são muito fortes. Para alguns indivíduos, as primeiras aftas (úlceras) já estão instaladas e na sua fase mais dolorosa. Um suporte medicamentoso é o caminho para passar por esses dias tão difíceis.
Os analgésicos mais simples são excelentes para fazer da adaptação às dentaduras um período mais confortável. O composto farmacêutico ideal precisa ser discutido com o seu dentista, baseado no seu histórico de uso e efeitos colaterais pessoais. Diabéticos e cardíacos, por exemplo, precisam de um esquema terapêutico personalizado.
O esquema para analgesia não tem segredos. Ingira os primeiros analgésicos já no primeiro dia, antes mesmo da instalação da prótese total, e mantenha a terapia por 5 dias. Fármacos mais simples podem ser consumidos, em casos extremos, por até 7 dias, sem riscos de complicações de saúde e irritações gástricas.
Em algumas situações o uso de anti-inflamatórios pode ser necessário, sendo receitados por no máximo 48 dias, entre o quarto e quinto dia pós instalação das dentaduras – período mais desconfortável e dolorido de adaptação à dentadura. Mas tome cuidado: anti-inflamatórios são medicações tóxicas e que agridem a mucosa gástrica quando de uso prolongado.
3. Comece com alimentos pastosos e macios e aumente gradativamente a consistência deles.
Evite sair comendo tudo o que vê pela frente nos primeiros dias de adaptação das novas próteses: suas gengivas e mucosas ainda não estão prontas para suportar compressão.
É normal que nas primeiras 24 horas o paciente se sinta confortável e seguro para mastigar alimentos duros e fibrosos, por conta da ausência de dores na gengiva, mas isso é apenas uma falsa impressão que não dura por muito tempo.
Sugerimos que comece com sopas e alimentos mais pastosos (purê e macarrão são recomendadíssimos). O déficit de ingestão de alimentos dos primeiros dias pode ser compensado com alimentos mais calóricos. Introduza pequenos pedaços macios de carnes e legumes cozidos nas refeições e aumente a consistência dos alimentos a partir do quinto ou sexto dia.
O tempo de adaptação à dentadura com dieta restrita costuma durar 30 dias – alguns indivíduos relatam que só voltaram a comer normalmente passados 2 meses da instalação da prótese total. É por isso que os suplementos vitamínicos são essenciais para compensar a deficiência de proteínas e vitaminas que pode ocorrer durante a adaptação da dentadura.
4. Teste você mesmo se sua dentadura está com bordas muito extensas.
A dificuldade de adaptação à dentadura está relacionada a diversos problemas de confecção da prótese. O mais comum deles é a borda da prótese mais extensa (comprida) do que o necessário, que pressiona o fundo da região de encontro entre a mucosa alveolar e a mucosa da bochecha e provoca dores intensas, podendo causar múltiplas lesões ulceradas (aftas).
O teste que identifica bordas sobre-extensas em dentaduras pode ser feita por você mesmo:
Com as próteses corretamente assentadas na boca, afaste levemente as arcadas dentárias e segure com os dedos das duas mãos, os lábios. Feito isso, estique os lábios e movimente-os em todas as direções para tentar deslocar as dentaduras.
O objetivo é tentar remover a dentadura do seu lugar. Se isso acontecer, suspenda o uso da prótese total e procure o seu dentista: as bordas das suas próteses estão sobre-estendidas e provavelmente são a causa para as dores e dificuldade de adaptação da dentadura às gengivas e mucosas.
5. Ajuste a mordida para facilitar a velocidade de adaptação à dentadura.
Muitas vezes, as dentaduras são novas e bonitas…. mas os dentes (mordida) não estão perfeitamente ajustados (encaixados). Isso pode acontecer entre duas próteses ou entre a prótese e os dentes naturais.
Quando a relação de contato entre os dentes não é precisa, a dificuldade de adaptação das dentaduras às gengivas e mucosas é consideravelmente aumentada.
O ajuste oclusal para dentaduras é mais eficiente quando realizado pelo laboratório protético. Entretanto, ele ainda pode ser realizado, não com a mesma eficiência, pelo dentista. É um procedimento simples, rápido e essencial no processo de adaptação a dentaduras.
6. O uso da dentadura deve ser completamente suspenso se aparecerem aftas nas gengivas e mucosas.
A dor mais intensa durante o período de adaptação a dentaduras novas coincide com o aparecimento das aftas.
Durante o período de adaptação à prótese total, o paciente precisa examinar diariamente gengivas e mucosas da cavidade oral para identificar possíveis cortes ou lesões.
O uso de dentaduras sobre aftas pode levar pacientes a desistirem de seus tratamentos, além de aumentar em vários dias o período de cicatrização destes ferimentos. Assim, ao identificá-las, suspenda imediatamente o uso da prótese total até que todos os sintomas tenham desaparecidos.
7. Com o passar dos anos perdemos suporte ósseo que sustentam as próteses.
Cada nova prótese oferece mais dificuldade de adaptação comparada à antiga. Em outras palavras: a dentadura anterior sempre incomoda menos que a atual na fase de adaptação.
Isso acontece porque o processo de envelhecimento faz com que gengivas e mucosas fiquem mais finas e delicadas conforme a idade avança.
Converse com o seu dentista e veja alternativas ao tratamento com dentaduras: próteses sobre implantes trazem maior expectativa de vida e qualidade de mastigação. É o caminho mais fácil, simples, sem dores e compatível com uma vida mais saudável.
8. Trocar a prótese total de quatro em quatro anos é essencial.
Passada a etapa de adaptação à dentadura, as dores e desconfortos mastigatórios podem aparecer de forma eventual – por exemplo, após a mastigação de alimentos muito sólido ou aparecimento de aftas.
Entretanto, é preciso entender que as próteses precisam ser trocadas para evitar perdas ósseas excessivas.
De quanto em quanto tempo é preciso trocar a dentadura?
Segundo algumas pesquisas científicas, substituí-las a cada 4 anos é suficiente para evitar desadaptações que podem passar despercebidas pelos portadores de próteses totais e que podem acelerar a perda do osso que sustenta as bases acrílicas destes dispositivos.
Machucaduras eventuais são esperadas, não podemos ter feridas abertas.
Tenha uma ótima adaptação com sua nova prótese.
Texto escrito por Dr. Alfredo Aleman Neto, Implantodontista e Protesista CRO-PB 4620.